14.11.2008
Piracicaba - SP
O esporte está muito próximo do judô.
Vice-campeão olímpico de judô em Sydney 2000, Carlos Honorato se aquece para mais um combate. Acostumado a dar golpes e fazer alavancas com o adversário, o atleta não traja o tradicional quimono da arte marcial. Desta vez, veste um macacão colado ao corpo e sobe ao tablado de sapatilhas.
Nos Jogos Abertos do Interior, em Piracicaba, ele realiza uma prática já comum na competição: por algumas horas deixa o judô de lado e tenta a sorte na luta olímpica.
"Desde que a luta foi para os Jogos, dois anos atrás, nós de São Caetano montamos uma equipe com vários judocas para disputar a modalidade. No fundo isso só nos ajuda, pois nos prepara para quando o judô realmente começar [sexta-feira]", afirmou Honorato, ofegante após uma vitória tranqüila em seu primeiro duelo.
As semelhanças entre os dois esportes é grande, principalmente porque vários dos golpes utilizados no judô são permitidos na luta livre. Tais manobras fizeram efeito para Honorato até a decisão. Campeão do ano passado na categoria até 96 kg, ele chegou à final na categoria, mas acabou derrotado nesta quinta-feira após travar o duelo mais disputado do dia com Diego Rodrigues, de São Bernardo do Campo.
"O esporte está muito próximo do judô. Trouxe um especialista para dar alguns treinos e auxiliar nas adaptações, mas sempre acompanho tudo de perto. Na verdade, 80% da nossa equipe é formada por judocas, assim como muitas outras por aqui", revelou o mestre Mário Tsutsui, treinador de São Caetano e da seleção brasileira júnior de judô.
Realmente, boa parte dos atletas que disputaram a competição possuíam histórico no judô, como Arethusa Ribeiro e Caroline Yoshioka, finalistas das categorias até 67 kg e 72 kg, respectivamente. Além delas, lutadores de outras modalidades, como o jiu-jitsu, também participaram do torneio no interior paulista.
Entre os "especialistas" da luta olímpica, Rodrigo Artilheiro, hexacampeão brasileiro, foi o destaque ao confirmar o favoritismo ao levar o primeiro lugar na categoria até 120 kg para São Bernardo do Campo. Seu parceiro de equipe Atleta que também iniciou os treinamentos no judô, ele exaltou com euforia a mistura de participantes no campeonato e pediu para que outros repetissem seu exemplo.
"A luta nos Jogos Abertos é muito diversificada e isso é excelente para o esporte. Desta maneira, é possível realizar um treinamento multilateral, e o atleta se beneficia de todas as formas, seja ele da luta, do judô ou do jiu-jitsu", ponderou Artilheiro.
A migração inversa também pode acontecer. Principal nome da luta olímpica brasileira na atualidade, Rosângela Conceição participará dos Jogos Abertos somente no judô. Faixa preta, a gaúcha admite até mesmo não ter grande idéia de quem compareceu para disputar a modalidade de origem grega.
Única representante do Brasil nos Jogos Olímpicos de Pequim, ela criticou a organização dos eventos de luta livre e, por isso, optou apenas pelo judô no campeonato em Piracicaba.
"É uma falta de organização tremenda. As chaves demoram e nunca se sabe quando irá pesar. No judô é outra coisa, somos melhor tratados e por isso prefiro só participar nele nos Jogos Abertos", completou a antiga rival de Edinanci Silva, que representará a cidade de São José dos Campos.
TORCIDA MIRIM FAZ A FESTA
A diversificação na origem dos atletas foi repassada para as arquibancadas. Fãs com camisas de judô, jiu-jitsu, vale-tudo e até mesmo aikidô seguiram os combates sempre gritando para o lutador de sua cidade. Apesar disso, quem acompanhou o andamento da competição com maior euforia foram crianças de uma escola local, que ganharam folga no dia para assistir ao torneio com a professora.Atentas a cada movimento dos atletas, cada uma escolhia um lutador para torcer pela cor do macacão (vermelho ou azul) e berrava incessantemente até o término do combate, mesmo sem qualquer conhecimento da regra.
Fonte: Uol
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