quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Pres. da CBJ cria entidade paralela para comandar Judô das Américas.

05.12.2008
São Paulo - SP
Presidente da CBJ orquestra 'golpe' para comandar judô das Américas.
(Estamos caminhando para ter a Liga em ação nos primeiros meses do ano que vem. Aos poucos, tudo está sendo definido", afirmou Larrañaga)

O judô pan-americano está à beira de sofrer a maior mudança política de sua história. Em um ousado plano comandado pelo presidente da confederação brasileira, Paulo Wanderley Teixeira, a União Pan-Americana de Judô, que rege a modalidade nas Américas, deve ser deposta e ter todas as suas principais funções eliminadas. O brasileiro trabalha para criar uma entidade paralela, sob seu poder, que assumiria as atividades atualmente relacionadas à UPJ.
O projeto está em etapa avançada e já tem até nome: Confederação Pan-Americana de Judô. Neste fim de semana, no México, devem ser realizadas reuniões entre os dirigentes dissidentes da UPJ no México. As confederações justificaram sua viagem para a América do Norte com um torneio para categorias menores, o Campeonato Continental Sub-15 e sub-13. A expectativa é que a nova entidade entre em vigor no início de 2009.

Segundo Paulo Wanderley, ele conta com o apoio de 22 dos 42 países filiados à União Pan-Americana. Entre eles, Cuba, Canadá, Estados Unidos e Argentina, principais forças do continente.

O principal motivo para a criação do órgão, de acordo o presidente da CBJ, seria uma série de irregularidades cometidas pela atual gestão da UPJ. Entre elas, uma eleição às pressas realizada em outubro para a escolha dos principais cargos. Atual mandatário, o dominicano Jaime Casanova foi reeleito com 19 votos contra 1. Seus aliados, como o Diretor de Arbitragem venezuelano Carlos Diaz, também foram eleitos.

"Aconteceram uma série de desrespeitos às normas da própria UPJ e da FIJ [Federação Internacional de Judô]. A eleição foi realizada fora do prazo e nem a própria FIJ a reconheceu. Por isso, nem me candidatei e ainda recebi um voto. Só estamos tomando esta atitude como última instância. Não faríamos isso se as leis fossem respeitadas", comentou Paulo Wanderley, destacando que concorreria à presidência normalmente caso a eleição fosse realizada em dezembro, como estava previsto.

Um dos partidários do brasileiro é o presidente da Federação Mexicana de Judô, Manuel Larrañaga. Ele confirmou a criação da entidade paralela e reiterou que a maioria dos atuais aliados de Paulo Wanderley não compareceu ao pleito de outubro, pois estava na Tailândia na mesma época acompanhando a realização do Campeonato Mundial Júnior.

O dirigente mexicano chegou até mesmo a confirmar que uma das poucas certezas políticas do novo grupo é que ele será presidido pelo dirigente capixaba. "Ainda não temos um vice-presidente definido, por exemplo. Mas estamos caminhando para ter a liga em ação nos primeiros meses do ano que vem. Aos poucos, tudo está sendo definido", afirmou Larrañaga.

Entretanto, nem todos os membros supostamente acertados com a nova confederação falam abertamente sobre o assunto. O executivo máximo do judô canadense, Vincent Grifo, preferiu não confirmar se está efetivamente apoiando a causa capitaneada por Paulo Wanderley. "Tudo ainda está meio escuro na política do judô pan-americano. Por isso, prefiro não comentar sobre o caso".
A mudança à força no poder do judô continental não teria somente o apoio de mais da metade dos países filiados à UPJ. A Odepa (Organização Desportiva Pan-Americana), além da própria FIJ, dariam suporte à troca, segundo informação confirmada Larrañaga e Wanderley.
Procurado por uma equipe de reportagem, o presidente do Comitê Olímpico Brasileiro e vice-presidente da Odepa, Carlos Arthur Nuzman, negou, por meio de sua assessoria de imprensa, ter qualquer conhecimento sobre o assunto. A assessoria da FIJ não respondeu imediatamente aos e-mails da reportagem sobre o assunto. Apesar disso, até mesmo Casanova confirma que seus rivais já contam com o apoio da Odepa e da FIJ.

Em um comunicado emitido no site oficial da UPJ intitulado "apologia a um golpe de estado", Casanova pede ajuda ao Comitê Olímpico Internacional e a "toda comunidade desportiva mundial", exigindo que a criação da "liga paralela" seja interrompida de maneira drástica. "A todos que puderem intervir para desfazer este complô golpista contra uma entidade legitimamente constituída", rogou o presidente da União Pan-Americana.

As acusações de Jaime Casanova começam em reunião realizada na Espanha em junho de 2007, organizada pelo presidente Federação Espanhola de Judô, Juan Carlos Barcos. Na ocasião, representantes das confederações de Brasil, Equador, El Salvador, Uruguai, México e Honduras se uniram em Madri para iniciar "um plano macabro", segundo palavras do mandatário da UPJ.

Depois, Casanova relembra a reunião realizada no Rio de Janeiro em fevereiro deste ano, organizada por Paulo Wanderley e com a presença do presidente da FIJ, Marius Vizer. Na época, o evento teve grande repercussão, pois Casanova ameaçou desvincular o Brasil da UPJ e, consequentemente, impedir o país de disputar os Jogos Olímpicos de Pequim no judô.

"Ele [Casanova] tem todo o direito de fazer o que acha que precisa e dizer essas coisas. Se ele tivesse obedecido as leis que regem o esporte, não teria esse problema agora", completou Paulo Wanderley, tranqüilo em relação às acusações do rival dominicano.

Rodrigo Farah (colaborou Brino Doro)
Fonte: Uol Esportes

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