14.08.2008
Edinanci Silva se despediu dos Jogos Olímpicos de Pequim nesta quinta-feira com sua melhor campanha após quatro participações. O adeus, porém, veio sem a tão sonhada medalha. A brasileira chegou pela primeira vez à disputa pelo bronze, mas foi derrotada pela sul-coreana Gyeongmi Jeong e terminou em quinto lugar.
A exemplo de seus outros combates, Edinanci começou a luta com uma postura ofensiva. Após dois minutos, a sul-coreana aplicou bom golpe, defendido pela paraibana. Logo em seguida, porém, a rival teve sucesso, obteve o yuko e imobilizou a brasileira para conseguir a vitória.
"Eu entrei com a vontade e a tática. Mas ela entrou com a vontade e o antídoto. Ela conhece o meu estilo, sabia que se fizesse uma luta comum poderia forçar punições. Mas o problema é que ela não veio assim. E me surpreendeu. Não esperava aquele golpe. Cheguei bem e por um vacilo deixei a medalha escapar. Não saio com raiva da minha adversária. Saio triste por não ter feito o que queria", lamentou a atleta após a derrota.
Edinanci tem uma das mais sofridas histórias entre as atletas que defendem o país nas Olimpíadas. Em 1996, ela passou pelo pior momento de sua vida às vésperas de disputar a sua primeira Olimpíada.
Muito forte e com traços masculinos, a judoca teve problemas de formação e desenvolveu características de ambos os sexos em seu corpo. Meses antes de ir para Atlanta-1996, ela teve de se submeter a uma cirurgia para retirar as características masculinas. Logo depois, foi obrigada a passar por um exame de feminilidade para ser aceita em Atlanta-1996.
Com os Jogos próximos, competiu abalada nos Estados Unidos. Quatro anos depois, já consagrada pelo bronze do Mundial de 1997, ela sofreu mais um revés perto da competição. Treinando no período de aclimatação do judô brasileiro em Canberra, torceu o joelho e também não conseguiu passar da final da repescagem.
Com isso, a única judoca a conquistar uma medalha é Ketleyn Quadros, que foi bronze na categoria até 57 kg (meio-leve). Nesta sexta-feira, o judô viverá o seu último dia de competição, mas o Brasil não tem representante na categoria pesado feminino
O bronze da brasiliense Ketleyn foi a primeira medalha de uma atleta brasileira em provas individuais na história olímpica. O Brasil conquistou ainda bronzes com Leandro Guilheiro (meio-leve, 73 kg) e Tiago Camilo (médio, 81 kg), no judô, e César Cielo (100 m livre), na natação.
Mesmo com a derrota na estréia para a espanhola Esther San Miguel, Edinanci mostrou que estava em um bom dia. Com total domínio da luta, ela deixou a vitória escapar após um momento de desconcentração em que levou o yuko a um minuto do fim. Sem tempo para reagir, ela precisou se contentar em ir para a repescagem.
Sua primeira adversária na corrida pelo bronze não foi fácil. Atual número um do ranking mundial, a russa Vera Moskalyuk ameaçou algumas quedas diante da paraibana, mas ainda assim ficou longe de derrotá-la. No fim, valeu a experiência de Edinanci, que venceu com dois yukos.
A vitória sobre a terceira adversária do dia foi mais tranqüila. Diante da algoz das Olimpíadas de Atenas-04, a italiana Lucia Morico, a paraibana teve autoridade para conquistar um waza-ari seguido por ippon com pouco mais de dois minutos de combate.
Na final da repescagem, foi a vez de Lkhamdegd Purevjargal, da Mongólia, cair por ippon, que fez a brasileira superar a barreira do sétimo lugar e foi o último combate antes do novo revés, agora para a sul-coreana. Animada com o desempenho que lhe rendeu o quinto lugar, Edinanci admitiu ainda que pode voltar a atrás na decisão que havia tomado de não disputar mais os Jogos Olímpicos.
Campeão mundial, Luciano Corrêa leva novo ippon e é eliminado
Acabou o sonho da medalha olímpica para o campeão mundial Luciano Corrêa. O brasileiro foi derrotado por ippon pelo polonês Przemyslaw Matyaszek na semifinal da repescagem da categoria meio-pesado (100 kg) e deu adeus à competição em Pequim.
Diferentemente das suas duas primeiras lutas, Luciano começou o confronto apostando na movimentação. Ainda assim, ele esteve mais abatido do que está acostumado e não se impôs sobre o rival. Com menos de dois minutos de luta, ele caiu após uma técnica de sacrifício e levou o ippon.
Em sua estréia olímpica, o brasiliense teve uma difícil luta contra o holandês Henk Grol. Sem acertar a pegada e com uma postura passiva, o atual campeão do mundo não foi páreo para o rival e acabou derrotado depois de sofrer dois waza-aris e, conseqüentemente, o ippon.
De volta ao tatame para iniciar a repescagem, Luciano enfrentou o israelense Ariel Zeevi, número dois do ranking mundial, e fez um duelo bastante nervoso. A vitória só veio no minuto final, quando o atleta do Minas Tênis Clube conseguiu a queda por yuko.
Em Pequim, Luciano defendia a tradição do peso mais vitorioso do judô brasileiro. O brasileiro buscava a quinta medalha olímpica para o país na categoria. Chiaki Ishii (bronze-72), Douglas Viera (prata-84) e Aurélio Miguel (ouro-88 e bronze-96) foram os responsáveis pelo sucesso nacional na classe.
Com o revés, o Brasil ficará mais quatro anos sem ter um campeão mundial e olímpico. Vencedores do Mundial no Rio de Janeiro-2007, Tiago Camilo conquistou a medalha de bronze em Pequim, João Derly e Luciano Corrêa caíram precocemente e ficaram fora dos cinco primeiros em suas categorias.
Os três são os únicos judocas com títulos mundiais. Já os dois brasileiros com ouro olímpico na modalidade, Aurélio Miguel e Rogério Sampaio, não conseguiram repetir o feito no Mundial.
Fonte:uol esporte
domingo, 3 de janeiro de 2010
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário